
Não me olhes desse jeito!
Sylvia Cohin
Por que me olhas assim
como coisa que eu soubesse
do autor do folhetim
que o teu sorriso arrefece?
Eu não sou quem aparento
e na verdade confesso
ao te ver, por um momento,
em teu olhar, eu tropeço
Porque sinto quanto cansa
ser adulto vida fora
e manter viva a criança
que aqui dentro ainda mora!
Não me olhes desse jeito
co'esses olhos de azeviche
porque me cravas no peito
o vodu do teu fetiche
Não me dês este sorriso
que m'inquieta intimamente
É que o arco do teu riso
estremece muito a gente...
Teu olhar de confiança
que persiste a toda prova,
é candura que descansa
no canto de minha trova
Mas é também a certeza
que estás rindo de meu mundo
e te diverte a surpresa
que me assusta e cala fundo...
E me faz querer banhar-me
na Luz de tua retina
e quiçá sem muito alarme,
te sorrir como menina!
Mas espero que permitas
a despeito dos escolhos,
enquanto rindo me fitas,
mais um mergulho em teus olhos.
Sylvia Cohin
Brasil, 23.01.2010