IDENTIDADE
Marise Ribeiro
Marise Ribeiro
Há versos em que pranteio,
Em outros me exponho rindo...
A dor, às vezes, margeio
Ou cultivo-a bem no seio,
Até me ver sucumbindo.
Em outros me exponho rindo...
A dor, às vezes, margeio
Ou cultivo-a bem no seio,
Até me ver sucumbindo.
Permito que o sentimento
Se esconda numa tragédia,
Mas no circo do momento,
Preparo a lona do alento
E a vida sirvo em comédia.
Se esconda numa tragédia,
Mas no circo do momento,
Preparo a lona do alento
E a vida sirvo em comédia.
Pinto bucólicas cenas,
Floresço em áridas terras,
Enquanto mães às centenas,
Durante tristes novenas,
Rogam pelo fim das guerras.
Floresço em áridas terras,
Enquanto mães às centenas,
Durante tristes novenas,
Rogam pelo fim das guerras.
Encerro em mim tantas crenças
E as consagro em devoção,
Mas também indiferenças
Ao compor cruéis sentenças,
Quando rejeito a traição.
E as consagro em devoção,
Mas também indiferenças
Ao compor cruéis sentenças,
Quando rejeito a traição.
Acolho o amor imperfeito,
Zombo do azar e da sorte...
Com a lira me deleito,
Faço festa no meu peito
E até dou graças à morte.
Zombo do azar e da sorte...
Com a lira me deleito,
Faço festa no meu peito
E até dou graças à morte.
E, se levanto bandeiras,
Rasgo toda a fantasia...
Uso a cor sem brincadeiras,
Mostro tintas verdadeiras
E ao verbo deito energia.
Rasgo toda a fantasia...
Uso a cor sem brincadeiras,
Mostro tintas verdadeiras
E ao verbo deito energia.
Traço letras em quintilhas,
Com métricas e com rimas...
Neste mar de redondilhas,
Navego ganhando milhas:
Serão elas obras-primas?
Com métricas e com rimas...
Neste mar de redondilhas,
Navego ganhando milhas:
Serão elas obras-primas?
Meu presente, rico império,
Bendigo-o com humildade
E o conduzo muito a sério...
E esta alma, doce mistério,
Será a minha identidade?
Bendigo-o com humildade
E o conduzo muito a sério...
E esta alma, doce mistério,
Será a minha identidade?
Nesta vida sou uma esteta
E a poesia é diretriz,
Mas não me nomeio poeta...
Minha pena aqui decreta:
Sou nada mais que aprendiz!
E a poesia é diretriz,
Mas não me nomeio poeta...
Minha pena aqui decreta:
Sou nada mais que aprendiz!
Marise Ribeiro