A Lenda da Lua
(Tere Penhabe)
Não nasci aqui no céu, tampouco nasci no mar
sou de algum canto da terra, inspiro versos de amar.
Alguns dos meus professores foram pássaros que eu vi
cuidando dos seus amores, corruíras, bem-te-vis.
Que saíam muito cedo, bem antes de o sol nascer
procurar os alimentos, para a sua prole suster.
Hoje não vejo mais isso, não se consegue ter tudo
aqui nem há passarinhos, e o amor parece mudo.
A menos que a gente chegue bem perto do mar, nas ondas
então ouve as serenatas, do mar com suas delongas.
Mas é uma linguagem dura, de senhor, amo, patrão
não tem jogo de cintura, só prevalece a razão.
Mas eu amo o mar assim, porque sei o quanto sofre
amo-lhe os dons e os defeitos, e entendo seus direitos.
Mas como eu ia dizendo: - bem longe daqui eu nasci
Deixei lá atrás meus lamentos, porque já não quero ouvi-los.
Meu destino foi traçado, por um anjo atrapalhado,
que esqueceu do principal: Dar asas ao meu sinal.
Por isso agora, o que eu posso, é ser nova, ser crescente
encher-me de amor um dia, para minguar lentamente.
E pendurada no céu, fico ouvindo me chamarem
Trovador e menestrel, vivem sobre mim a versarem...
Fiz com meu anjo um trato, para o caso remediar
só posso descer à terra, se o meu amor encontrar.
Mas já não tenho esperanças, pois nunca hei de saber
quem me chama, quem me quer... se sou lua, ele, quem é?
Se for alguém corajoso, que não tema, não vacile
faça a hora acontecer e venha me conhecer.
Então neste céu imenso ornamentado de estrelas
cairei entre seus braços, para felizes bailarmos.
Mas minha alma se entristece, pensando: - Quando será?
Santos, 18.06.2004_12:58
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